Mostrando postagens com marcador Tropicália. Mostrar todas as postagens
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Gilberto Gil
GILBERTO GIL
PHILIPS - 365.168 PB
Tropicalia - 1968
Faixas:
Lado A
01 - Pega A Voga Cabeludo
Lado B
02 - Barca Grande
Os Brazões
OS BRAZÕES
RGE - XRLP 5333
Tropicalia - 1969
Faixas:
Lado A
01 - Pega a Voga Cabeludo
02 - Canastra Real
03 - Módulo Lunar
04 - Volkswagen Blue
05 - Tão Longe de Mim
06 - Carolina, Carol Bela
Lado B
07 - Feitiço
08 - Planador
09 - Espiral
10 - Gotham City
11 - Momento B8
12 - Que Maravilha
Gilberto Gil
GILBERTO GIL
PHILIPS - 441,427 PT
Tropicalia - 1968
Faixas:
Lado A
01 - A Luta contra a Lata ou A Falência do Café - C/ Os Mutantes
02 - Questão De Ordem - C/ Beat Boys
Lado B
03 - Bat Macumba - C/ Os Mutantes
04 - Miserere Nobis - C/ Os Mutantes
O impulso tropicalista estava com força total nas mentes e produções de Gil e Caetano.
Ambos se inscreveram, porém, não preocupados em vencer, suas intenções eram questionar as estruturas do próprio festival e de toda a atmosfera cultural vigente.
No FIC, ambos levaram à máxima potência a crítica e a ironia tropicalistas.
Gil apresentou “Questão de Ordem” onde tocava calota acompanhado ao lado dos Beat Boys. Junto a uma vaia abissal veio a sua desclassificação. As guitarras, seu visual black power e seu modo de cantar não agradaram a ninguém.
Caetano apresentou “É proibido proibir”. A canção era praticamente um pretexto para ele defender uma postura de ruptura declarada ao “bom gosto” que as patrulhas de esquerda e de direita impunham à cultura. Mais performático, junto aos Mutantes, armou uma verdadeira zoeira musical orquestrada por Rogério Duprat. Repetia o slogan francês: “É proibido proibir”, Caetano revidou intercalando o discurso onde denunciava a índole reacionária da platéia e a estrutura autoritária do festival.
Ele dizia: Gil está aqui, Gil está comigo. E a turba irada, atirando coisas.
"Me lembro de um pedaço de cenário que me atingiu a canela. E eu ali, no meio de tudo, vivendo aquele calor da representação pública que eu sentia desde os dez anos… Tive medo. Mas ao mesmo tempo, naquele palco, ao lado de Caetano, no meu íntimo eu tinha um certo sorriso irônico, como quem diz: isso deu mesmo no que tinha que dar. Eles não entendiam que a gente não queria confronto, que a nossa proposta era trazer um número cada vez maior de pessoas pra fruição de novos modos de criar. Eu sabia, daí o meu sorriso irônico. Dois anos antes, em 66, aquela assembléia no Rio já tinha me mostrado isso. Gente criadora, gente da inteligência carioca já tinha tido aquela reação convencional do público, contra qualquer coisa que chacoalhasse." ( Gilberto Gil)
Neste compacto lancado em outubro de 1968, a musica Questão de Ordem teve que ter seu final reduzido, a musica em sua versão completa esta no compacto simples PHILIPS - 365.260, lado A, Questão De Ordem e no lado B, A Luta contra a Lata ou A Falência do Café.
Ronnie Von
RONNIE VON - A Maquina Voadora
POLYDOR - LPNG 44.050
Psych - Tropicalia - 1970
Faixas:
Lado A
01 - Máquina Voadora
02 - Baby De Tal
03 - Verão Nos Chama
04 - Seu Olhar No Meu
05 - Imagem
06 - Continentes E Civilizações
Lado B
07 - Viva O Chopp Escuro
08 - Enseada
09 - Tema De Alessandra
10 - Águas De Sempre
11 - Cidade
12 - Você de Azul
Nara Leão
NARA LEÃO
PHILIPS - R 765.051 L
Tropicalia - 1968
Lado A
01 - Lindonéia
02 - Quem É
03 - Donzela Por Piedade Não Perturbes
04 - Mamãe Coragem
05 - Anoiteceu
06 - Modinha
Lado B
07 - Infelizmente
08 - Odeon
09 - Mulher
10 - Medroso de Amor
11 - Deus Vos Salve Esta Terra Santa
12 - Tema de ”Os Inconfidentes”
Ronnie Von
RONNIE VON
POLYDOR - LPNG 44.022
Tropicalia - 1968
Faixas:
Lado A
01 - Meu Novo Cantar
02 - Chega De Tudo
03 - Espelhos Quebrados
04 - Sílvia - 20 Horas, Domingo
05 - Menina De Trança
06 - Nada De Novo / Labios Que Beijei
Lado B
07 - Esperança De Cantar
08 - Anarquia
09 - Mil Novecentos E Além
10 - Tristeza Num Dia Alegre
11 - Contudo, Todavia
12 - Canto De Despedida
Músicos: Ronnie Von (vocal), acompanhado do grupo B-612, com José da Rocha Guilherme (guitarra solo e violão), Adalberto de Oliveira (guitarra base), Gilberto Amado Teixeira (baixo) e Vilceli Marcio de Mattos (bateria), entre outros músicos.
Arranjos e direção musical: Damiano Cozzella
Gilberto Gil
GILBERTO GIL
PHILIPS - 365.223
Tropicalia - 1967
Faixas:
Lado A
01 - Domingo No Parque
Lado B
02 - Mancada
Gilberto Gil e a cantora Nana Caymmi, defenderia "Bom Dia" parceria dos dois no 3º Festival da Record, em 1967.
No mesmo festival Gil tocaria "Domingo no Parque" acompanhado pelos Mutantes, uma das músicas mais impactantes do festival, classificada em segundo lugar. "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, classificada em quarto no mesmo festival, formaria junto com "Domingo no Parque" o embrião do movimento tropicalista, em boa parte por causa da inserção de guitarras elétricas em uma música que não era rock, foi definitivamente a mais inovadora, e junto com Caetano Veloso e sua "Alegria, Alegria ", representou o começo, desafiou normas para a música popular brasileira, incorporando influências de vários gêneros e de todo o mundo - uma experiência revolucionária na música popular brasileira na época, quando muitos artistas e críticos estavam lutando para defender a pureza da música brasileira . O som universal passou a representar a nascente Tropicália, o movimento.
Montar algo diferente, partindo de elementos regionais, baianos, para o festival da TV Record: esse era o projeto de Gil ao começar a pensar a canção. "Daí a idéia", conta ele, "de usar um toque de berimbau, de roda de capoeira, como numa cantiga folclórica. O início da melodia e da letra da música já é tirado desses modos. Com a caracterização do capoeirista e do feirante como personagens, eu já tinha os elementos nítidos para começar a criação da história."
Algumas pessoas pensam que rima é só ornamento, mas a rima descortina paisagens e universos incríveis; de repente, você se depara no lugar mais absurdo. Eu, que a procuro primeiro na cabeça, no alfabeto interno - mas também vou ao dicionário, vejo três fatores simultâneos determinantes para a escolha da rima: além do som, o sentido e o necessário deslocamento.
"Em Domingo no Parque, pra rimar com 'sumiu', eu cheguei à Boca do Rio (bairro de Salvador). E quando eu pensei na Boca do Rio, me veio um parque de diversões que eu tinha visto, não sei quantos anos antes, instalado lá, e que, desde então, identificava a Boca do Rio pra mim: desde aquele dia, a lembrança do lugar vinha sempre junto com a roda gigante que eu tinha visto lá. Aí eu quis usar o termo e anotei, lateralmente, no papel: 'roda gigante'.
Ela ia ter que vir pra história de alguma maneira, em instantes.
Era preciso também fazer o João e o José se encontrarem. O João não tinha ido 'pra lá', pra Ribeira; tinha ido 'namorar' (pra rimar com 'lá'). Onde? Na Boca do Rio, pra onde o José, de outra parte da cidade, também foi. No parque vem a conformação dos caracteres psicológicos dos dois. Um, audacioso, aberto, expansivo. O outro, tímido, recuado. Esse, louco por Juliana mas sem coragem de se declarar, vivia há tempos um amor platônico, idealizando uma oportunidade pra falar com ela. Naquele dia ele chega ao parque e a encontra com João, que estava ali pela primeira vez e não a conhecia, mas já tinha cantado Juliana e se divertia com ela na roda gigante. É a decepção total pro José, que não resiste.
Era só concluir. A roda gigante gira, e o sorvete, até então sorvete só, já é sorvete de morango pra poder ser vermelho, e a rosa, antes rosa só, é vermelha também, e o vermelho vai dando a sugestão de sangue - bem filme americano -, e, no corte, a faca e o corte mesmo. O súbito ímpeto, a súbita manifestação de uma potência no José: ele se revela forte, audaz, suficiente. A coragem que ele não teve para abordar Juliana, ele tem para matar."
"A canção nasceu, portanto, da vontade de mimetizar o canto folk e de representar os arquétipos da música de capoeira com dados exclusivos, específicos: com um romance desse, essa história mexicana. Está tudo casado."
"Domingo no Parque, como Luzia Luluza e outras do mesmo período, foi feita no Hotel Danúbio, onde eu morei durante um ano, em São Paulo. Nana (a cantora Nana Caymmi, segunda mulher de Gil) dormia ao meu lado.
Nós tínhamos vindo da casa do pintor Clovis Graciano - amigo de Caymmi, onde eu tinha rememorado muito a Bahia e Caymmi. Eu estava impregnado disso, e por isso saiu Domingo no Parque: por causa de Caymmi, da filha dele, dos quadros na parede. A umas duas da manhã fomos para o hotel e eu fiquei com aquilo na cabeça: 'Vou fazer uma música à la Caymmi, fazer de novo um Caymmi, Caymmi hoje!' Peguei papel e violão e trabalhei a noite toda. Já era dia, quando eu terminei. De manhã, gravei." Por Gilberto Gil.
Caetano Veloso
CAETANO VELOSO
PHILIPS - 365.222
Tropicalia - 1967
Faixas:
Lado A
01 - Alegria, Alegria
Lado B
02 - Remelexo
"Alegria, Alegria" foi a música que apresentou o movimento tropicalista ao Brasil, em apresentação ao vivo realizada no III Festival da TV Record, em 1967. O ideal exposto pela letra da canção foi reforçado pelo rock do grupo argentino Beat Boys, que ainda colaborou com a estética visual.
"O aspecto do grupo de rapazes de cabelos muito longos portando guitarras maciças e coloridas re-resentava de modo gritante tudo o que os nacionalistas da MPB mais odiavam e temiam", explica Caetano no livro Verdade Tropical. A ideia de Caetano - já pensando na introdução do tropicalismo, ao lado de Gilberto Gil - era a de fazer uma espécie de "marcha de carnaval transformada", cuja letra expusesse as referências pop da época. Ele resgatou uma composição dele, do meio dos anos 60, "Clever Boy Samba", escrita como sátira aos jovens alienados de Salvador. "Rapidamente compreendi que se o tom de mera sátira devia ser subvertido, o esquema de retrato, na primeira pessoa, de um jovem típico da época andando pelas ruas da cidade (o Rio, agora), com fortes sugestões visuais, criadas, se possível, pela simples menção de nomes de produtos, personalidades, lugares e funções - pois esse era o esquema de 'Clever Boy Samba' -, devia ser mantido pois era o ideal para os novos propósitos" Caetano Veloso.
Single foi lançada com Remelexo no lado B em 1967 e também integrou o álbum Caetano Veloso. O nome da música veio, por sua vez, de um bordão que o cantor Wilson Simonal utilizava em seu programa na TV Record, Show em Si... Monal.
A letra possui uma estrutura cinematográfica, conforme definiu Décio Pignatari, trata-se de uma "letra-câmera-na-mão", citando o mote do Cinema Novo. Caetano ainda incluíu uma pequena citação do livro As Palavras, de Jean-Paul Sartre: "nada nos bolsos e nada nas mãos", que acabou virando "nada no bolso ou nas mãos". Como a ideia do arranjo incluía guitarras elétricas, Caetano e seu empresário na época, Guilherme Araújo convidaram o grupo argentino radicado em São Paulo Beat Boys o arranjo foi fortemente influenciado pelo trabalho dos Beatles. Ela é considerada a 10ª maior canção brasileira de todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil.
A canção chocou os chamados "tradicionalistas" da música popular brasileira devido a simples presença de guitarras. No ambiente político-cultural da época, setores de esquerda classificavam a influência do Rock como alienação cultural, o que também foi sentido por Gilberto Gil quando apresentou Domingo no Parque no mesmo festival.
Apesar da rejeição inicial, a música acabou conquistando a maior parte da platéia. Acabou se tornando uma das favoritas, com as manifestações favoráveis superando as facções mais nacionalistas. A música acabou chegando em quarto lugar na premiação final.
Tom Zé
TOM ZÉ
RGE - CS 70.471
Tropicalia - 1971
Faixas:
Lado A
01 - Silencio De Nós Dois
Lado B
02 - Sr Cidadão
Os Novos Bahianos
OS NOVOS BAHIANOS - É Ferro Na Boneca !
RGE - XRLP 5.340
Tropicalia - 1970
Faixas:
Lado A
01 - Ferro Na Boneca
02 - Eu De Adjetivos
03 - Outro Mambo, Outro Mundo
04 - Colégio De Aplicação
05 - A Casca De Banana Que Eu Pisei
06 - Dona Nita E Dona Helena
07 - Se Eu Quiser Eu Compro Flores
Lado B
08 - E O Samba Me Traiu
09 - Baby Consuelo
10 - Tangolete
11 - Curto De Véu E Grinalda
12 - Juventude Sexta E Sábado
13 - De Vera
Em 1968, os Mutantes reinaram absolutos no rock antropofágico consolidado com o Tropicalismo.
Os roqueiros paulistanos tornaram-se ícones da juventude que protagonizou os primeiros dias de nossa contracultura, especialmente no eixo RJ-SP. Mas quem, dois anos mais tarde, de fato, deu o chute na porta e incitou jovens dos grandes centros urbanos de todo o País a experimentar o desbunde e formas libertárias de encarar o mundo a sua volta, foram mesmo os Novos Baianos.
O primeiro LP gravado na RGE, em 1970, álbum de estreia do quarteto foi um dos embriões da intensa movimentação contracultural brasileira tanto na qualidade das letras do poeta Galvão, como na fórmula musical, acrescida da energia dos Leifs (grupo anterior dos guitarristas Lico, Pepeu Gomes e de seus irmãos, o baterista Jorginho e o baixista Carlinhos Gomes, que acompanha o quarteto).
É Ferro na Boneca!, como o título sugere, é álbum ousado e radical. Especialmente se considerarmos seu ano de lançamento, 1970. Vale lembrar, era muito popular na Bahia, a expressão que dá nome a estreia dos Novos Baianos foi cunhada pelo radialista e apresentador de TV, França Teixeira.
A canção de "De Vera", tocou na Rede Record, no 'V Festival de Música Popular Basileria', mas foi desclassificada mais tarde.
Pouco antes de partir para Londres e enfrentar dois anos de exílio, ao lado do amigo Gil, Caetano foi conferir de perto o tão falado "Desembarque dos Bichos, Depois do Dilúvio Universal" – o anárquico espetáculo que apresentou os Novos Baianos à juventude de Salvador. Em um gesto afetuoso e motivador, Caetano sentenciou: “Vocês me pedem que eu os apresente. Mas eu estou indo embora e só aceito deixar um bilhete para vocês. Estive esse tempo aqui e vi que vocês estão respondendo à nova Bahia com o mesmo humor terrível que ela questiona. Mandem brasa, Brasil!”
O texto foi reproduzido na contracapa de É Ferro na Boneca! e compilado com outros excertos que compõem a apresentação do LP, assinada por Augusto de Campos, poeta, tradutor e crítico musical.
“Há algum tempo, quando Caetano e Gil eram itens proibidos, eu adverti: ‘É preciso olhar para eles’. Sem se deixarem intimidar ou hipnotizar os Novos Baianos olharam para eles. Viram o que tinham de ver e partiram em busca de seu próprio caminho.” Augusto de Campos
Gal Costa

GAL COSTA
PHILIPS - 441.426
Tropicalia - 1968
Faixas:
Lado A
01 - Baby - Com Caetano Veloso
02 - A Coisa Mais Linda Que Existe
Lado B
03 - Saudosismo
04 - Mamãe Coragem
1, 2, 3, fogo! O mundo entrava em ebulição, a cultura brasileira entrava em ebulição, Gal Costa entrava em ebulição. 1968 é o ano mais importante da década de 60 e um período divisor de águas para o século 20. Nesse período, a juventude do Ocidente passava a exigir mudanças, rupturas e atitudes arrojadas. Havia sexo, drogas e rock´n´roll. Havia amor, psicodelia e viagens espaciais. Havia revolta, cabelos e sonho. Era preciso estar atento e forte.
Em maio de 1968, milhares de pessoas saem às ruas de Paris, em protestos que misturavam política e novos rumos do pensamento. Jimi Hendrix lançava o disco Electric Ladyland e saía o The White Álbum, dos Beatles. Stanley Kubrick mandava tudo para outras galáxias, em seu espantoso 2001, uma Odisséia no Espaço. A rainha Elizabeth II visitava o Brasil, o cirurgião Christian Barnard fazia o primeiro transplante de coração, Andy Warhol era baleado em Nova York pela atriz Valerie Solanas, morriam Sérgio Porto e Marcel Duchamp, e o general Costa e Silva, segundo presidente militar do golpe de 1964, tornava-se cada vez mais sinistro.
Rogério Sganzerla estreava no cinema com O Bandido da Luz Vermelhae o grupo Oficina encenava Galileu, Galileu. Marília Pêra, Marieta Severo e Paulo César Pereio, entre outros atores, eram espancados por policiais militares durante a temporada de Roda Viva. Estreava mundialmente O Submarino Amarelo, animação em longa metragem que traduz o auge da psicodelia. Seus autores, os Beatles, passavam temporadas na Índia com gurus espirituais.
Na melhor cidade do América do Sul, fermentava o Tropicalismo, movimento estético e musical que mudou para sempre a feição brejeira, lírica e ingênua da MPB. Caetano Veloso e Gilberto Gil elaboram um disco-manifesto, batizado com o nome de um trabalho do artista plástico Hélio Oiticica: Tropicália. Participam desse trabalho, além de seus dois mentores, Os Mutantes, Nara Leão, o maestro Rogério Duprat, Tom Zé, os poetas Torquato Neto e Capinam, e Gal Costa -- que canta em três faixas: Baby, Parque Industrial e Mamãe Coragem.
Ainda em 1968, logo após a gravação do album manifesto "Tropicalia" Gal registrou mais 2 faixas para o compacto duplo com as musicas “Baby” e “Mamãe Coragem”, de Caetano e Torquato, presentes no LP e as musicas "A Coisa Mais Linda Que Existe", de Gilberto Gil e Torquato Neto, e "Saudosismo" de Caetano veloso.
E antes que o ano terminasse, defendeu “Divino Maravilhoso” no Festival da Record composta por Caetano e Gil, a música inspiraria a criação de um programa de TV dedicado à turma da tropicália, que, entretanto, não sobreviveria ao final do ano.
Jorge Ben
JORGE BEN
PHILIPS - R 765.100 L
Tropicalia - 1969
Faixas:
Lado A
01 - Crioula
02 - Domingas
03 - Cadê Teresa
04 - Barbarella
05 - País Tropical
Lado B
06 - Take it Easy my Brother Charles
07 - Descobri que Eu Sou um Anjo
08 - Bebete Vãobora
09 - Quem Foi que Roubou a Sopeira de Porcelana Chinesa que a Vovó Ganhou da Baronesa?
10 - Que Pena
11 - Charles Anjo 45
Jorge Ben acompanhado pelo Trio Mocotó e Os Originais Do Samba, o lp e quase todo arranjado por José Briamonte que foi extremamente feliz em todas as músicas, quem também aparece por aqui é Rogério Duprat responsável pelas faixas "Barbarella" e "Descobri Que Sou Um Anjo".
Esse álbum já nasceu clássico, pois é nele que estão as músicas: "País Tropical", "Cadê Tereza?", "Take it Easy My Brother Charles", "Que Pena" e "Charles Anjo 45" agora... "Quem foi que roubou a sopeira de porcelana chinesa que a vovó ganhou da Baronesa?" é genial.
1969 foi o ano em que Jorge flertou com o Tropicalismo esse disco mostra bem isso basta prestar atenção na capa feita por Albery, além do mais no ano anterior Jorge gravou "A Minha Menina" no álbum de estréia dos Mutantes.
Outra gravação de "Charles Anjo 45" foi lançada somente em compacto no mesmo ano e interpretada por Caetano Veloso, Ben participa da gravação.
Caetano Veloso
CAETANO VELOSO
PHILIPS - R 765.086 L
Tropicalia - 1969
Faixas:
Lado A
01 - Irene
02 - The Empty Boat
03 - Marinheiro Só
04 - Lost in the Paradise
05 - Atrás do Trio Elétrico
06 - Os Argonautas
Lado B
07 - Carolina
08 - Cambalache
09 - Não Identificado
10 - Chuvas de Verão
11 - Acrilírico
12 - Alfômega
"Gravei só com Gilberto Gil ao violão, quando estava confinado, sem poder sair de Salvador. Até ir para o exílio em Londres, era impensável eu tocar violão num LP. Todo mundo achava meu violão abaixo do nível profissional. É um disco da minha situação na prisão. Tem Irene, que fiz na cadeia, sem violão, uma coisa portuguesa, que adoro. Gosto muito de sermos portugueses. Adorei a canção Portuga, do último disco do Cazuza. Tem Os Argonautas, que me foi sugerida por Bethânia. Tem Carolina, que é muito deprimida e tinha a ver com o disco. Fiz o disco confinado, gravamos eu e Gil lá em casa, num gravador de quatro canais. Tem Atrás do Trio, Elétrico, que é histórica. É o momento inaugural de toda a fase nova da música baiana. Tenho orgulho. Desencadeou o incremento dos trios elétricos. Fez Dodô e Osmar voltarem às ruas. A complementação dela veio com o Gil, na música Filhos de Gandhi. Foi o estopim para a onda de novos blocos.
Resultou em tudo isso, na música da Bahia." .... Por Caetano Veloso.
Apesar da qualidade técnica com que foi gravado, soa muito bem até hoje.
Começando com "Irene" com seu palíndromo ("irene ri") que tem uma gravação despojada e excelente, seguido por "The empty boat", a adaptação de "Marinheiro só" samba de roda com coro, prato e guitarra e "Lost in the paradise", a segunda em inglês.
Tem "Atrás do trio elétrico", popular nos carnavais até hoje. "Os argonautas", tema que remete ao verso de Fernando Pessoa, feita para Bethânia (e gravada por ela em 1969 no disco "Ao vivo"), a versão de "Carolina" que Chico Buarque não gostou...
(…) e ficou magoado, tanto assim que a sua reação negativa chegou a ser publicada. Ele deve ter-se perguntado o porquê de alguém se debruçar sobre uma canção à qual ele não dava grande importância. Carolina havia se tornado um hit nacional. E eu, na cadeia, na Bahia, via Carolina ser cantada naqueles programas infantis pré-Xuxa, por aquelas crianças baianas de sotaque carregado e de cara de gente pobre. E, além disso, havia um disco chamado “As Favoritas do Presidente Costa e Silva”, com dez canções cantadas por Agnaldo Rayol. Uma delas era Carolina. Então eu escolhi Carolina entre outras canções para representar o grau de depressão em que a gente estava.
Revista do CD, entrevista a J.J Moraes - 05/1992
A releitura do tango "Cambalache"- crítico e dramático, como definiu Augusto de Campos.
Na sequência o hit "Não identificado" em versão cheia de sons não identificados, psicodélicos, "Chuvas de verão" de Fernando Lobo.
Por fim, merecendo destaque especial, a canto-falada poesia-experiência "Acrilírico", feita em parceria com o maestro Rogério Duprat, e "Alfômega" que é a maior ousadia e desbunde do disco com um canto arrastado de Caetano e os vocais gritados de Gil.
Um disco de despedida acenando o exílio.
Gal Costa
GAL COSTA - Legal
PHILIPS - 765.126
Tropicalia - 1970
Faixas:
Lado A
01 - Eu Sou Terrível
02 - Língua Do P
03 - Love, Try And Die
04 - Mini-Mistério
05 - Acauã
Lado B
06 - Hotel Das Estrelas
07 - Deixa Sangrar (Carnaval 1971)
08 - The Archaic Lonely Star Blues
09 - London, London
10 - Falsa Baiana
Em entrevista publicada n’O Pasquim de 6 de agosto de 1970, o poeta e compositor José Carlos Capinam apontava a crise generalizada que via alcançar a música popular no Brasil. Dava como exemplo Gal Costa que, nas suas palavras, enfrentava dificuldade para montar repertório para o LP que estava gravando por “não encontrar músicas que estejam perto da coisa que ela quer fazer”.
E o que queria Gal naquele ano? Setenta começou com a cantora dando um tempo em Londres, ao lado dos exilados Caetano e Gil. Na Europa, pensou no terceiro disco-solo que faria ao voltar: tinha que ser diferente dos dois do ano anterior, o novo traria mais gêneros musicais para que a musa tropicalista pudesse mostrar os diversos matizes de sua voz cristalina por meio do canto gutural roqueiro, da suavidade bossanovista, ou em ritmo de baião, blues, frevo e até calipso. No retorno ao Brasil, Gal trouxe na mala uma inédita de cada baiano, e as lançou em compacto simples. Com as canções “Mini-mistério” (de Gilberto Gil) e “London, London” (de Caetano Veloso), o disquinho prenunciava o lançamento do álbum Legal.
Além de temas de Gil e Caetano, o repertório de Legal conta com canções de Jards Macalé, Duda Machado, Geraldo Pereira, Zé Dantas, Roberto e Erasmo Carlos. A parceria “Roberto/Erasmo” abre o disco promovendo o feliz encontro entre os dois arranjadores responsáveis pela massa sonora pós-tropicalista característica do álbum. “Eu sou terrível” combina base do guitarrista Lanny Gordin com arranjo de metais escrito por Chiquinho de Moraes.
A notável presença de Jards Macalé em Legal traduz-se em arranjos de base escritos com Lanny e nas três faixas com suas composições: duas parcerias com Duda – “Hotel das estrelas” e “The archaic lonely star blues” – e a tríplice colaboração que incluiu a própria Gal. No período em que gravavam, a cantora reuniu-se com Macalé e Lanny numa roda de violão em sua casa. Brincando, o trio compôs “Love, try and die”. Para a gravação, contaram com coro arregimentado nos corredores do estúdio, um quarteto vocal composto por Jards Macalé, Tim Maia, Erasmo Carlos e Nana Caymmi.
Porta-voz local do tropicalismo exilado, em Legal, Gal Costa lançou duas de Caetano Veloso e duas de Gilberto Gil. Além das já citadas faixas do compacto, estão no repertório o frevo “Deixa sangrar”, título que Caetano, por deglutição modernista, cunhou traduzindo o “Let it bleed” de Rolling Stones, e “Língua do P”, tema em que Gil encarou o desafio, sem precedentes, de escrever uma letra no antigo idioma cifrado e lúdico.
Legal chega perto da experimentação dos trabalhos anteriores de Gal Costa justamente na faixa que abriga a segunda composição mais antiga do repertório. Em “Acauã”, baião de Zé Dantas lançado em 1952, há espaço para vocalizações ousadas com acompanhamento do trio poderoso liderado pelo guitarrista Lanny. Composto em 1944 por Geraldo Pereira, o samba “Falsa baiana” fecha o disco com um tributo a João Gilberto. Cantando a introdução de “Meditação”, Gal reproduz o vocalise de João para este clássico de Tom Jobim e Newton Mendonça no início da última faixa.
Como se não bastasse tanto conteúdo, Legal tem uma das mais belas capas da discografia brasileira. Assinada pelo artista plástico Hélio Oiticica, retrata a cantora com cabeleira formada por colagem de fotos em preto e branco, um visual próprio da fase conhecida como desbunde da qual participou ativamente o colunista José Simão. Ativamente é modo de dizer. Convidado do programa Os dois lados do disco, da Rádio Cultura, para comentar Legal, Simão declarou que no começo daquela década não fazia nada, só fazia a cabeça: batia ponto nas dunas da Gal, vulgo dunas do barato, em Ipanema, bolava capítulos de seu livro Folias brejeiras, aplaudia o pôr-do-sol e, à noite, em caravana, ocupava cadeira do Teatro Tereza Raquel para assistir ao Gal a todo vapor. Mas isso já é papo para 1971.
Tom Zé
TOM ZÉ
RGE - XRLP 5351
Tropicalia - 1970
Faixas:
Lado A
01 - Lá Vem a Onda
02 - Guindaste a Rigor
03 - Distância
04 - Dulcinéia Popular Brasileira
05 - Qualquer Bobagem
06 - O Riso e a Faca
Lado B
07 - Jimmy, Renda-se
08 - Me Dá, Me Dê, Me Diz
09 - Passageiro
10 - Escolinha de Robô
11 - Jeitinho Dela
12 - A Gravata
Palavras da Contracapa
As melhores idéias dêste disco, devem ser divididas com os meus alunos de composição da SOFISTI-BALACOBACO (muito som e pouco papo) e com Augusto de Campos.
Foi, por exemplo, um exercício proposto a Ricardo Silva e Ciumara Catto (Limeira-SP) o ponto de partida que nos levou à “Guindaste a Rigor”.
Elio Manoel e Aderson Benvindo (parceiro em : Lá vem a onda”) que trabalharam quase com febre; Beto Matarazzo e Durval do “SESC”, que têm um senso crítico muito agudo; João Araújo, Lais Marques e Valdez, parceiros em “Distância”e “Jimmy Renda-se”; todos ajudaram muito.
Aproveito a ocasião para informar que a Prefeitura de São Paulo não me pagou até agora o prêmio do 1o. lugar (São Paulo, meu Amor) do Festival da Record de 1968 e até começou a dizer que não assumiu esta obrigação. TOM ZÉ .
Gal Costa
GAL COSTA - Fa-tal: Gal a Todo Vapor
PHILIPS - 6349 020
Tropicalia - 1971
Faixas:
Lado A
01 - Dê um role
02 - Pérola negra
03 - Mal secreto
04 - Como 2 e 2
Lado B
05 - Hotel das estrelas
06 - Assum preto
07 - Bota as mãos nas cadeiras
08 - Maria Bethânia
09 - Não se esqueça de mim
10 - Luz do sol
Lado C
11 - Fruta gogóia
12 - Charles anjo 45
13 - Como 2 e 2
14 - Coração vagabundo
15 - Falsa baiana
16 - Antonico
Lado D
17 - Sua estupidez
18 - Fruta gogóia
19 - Vapor barato
Fa-Tal - Gal a Todo Vapor é um álbum ao vivo da cantora brasileira Gal Costa, lançado em 1971.
Era o auge do desbunde, Gal segurava o estandarte do movimento tropicalista coadjuvada por Waly Salomão (então sob a indentidade psicodélica de Sailormoon), Jards Macalé e Torquato Neto (em sua coluna do extinto jornal Última Hora). Waly dirigiu o show, cuja sigla emblema "Fa-tal" foi extraída de um poema de seu livro "Me segura que eu vou dar um troço", enquanto "A todo vapor" saiu de sua parceria "Vapor barato", fase morbeza romântica com Macalé, incluída no roteiro do show "Fatal", uma série de concertos que realizou no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro.
A turnê foi considerada pela crítica como um marco na sua carreira, com um repertório que misturava rock, o som tropicalista, blues e samba ele traduz com perfeição o que se processava de novo na musica brasileira e como os intérpretes da época reviam ícones do passado. No caso de Gal ela passeava desde o samba tradicional de Geraldo Pereira, em "Falsa baiana" , até Ismael Silva no samba canção "Antonico". Mas o caldeirão de influencias é mais vasto ainda quando percebemos que ela não se deixa levar pelas críticas a alienação da Jovem Guarda e canta "Sua estupidez", de Roberto e Erasmo Carlos, além de uma nova geração de talentosos compositores que surgiam, interpretando canções de Luiz Melodia, "Perola Negra" , Moraes Moreira e Galvão em "Dê um role" , cujos versos iniciais, “não se assuste pessoa se eu lhe disser que a vida é boa” dá uma boa idéia do que rolava na cabeça dos ainda não famosos Novos Baianos, Jards Macalé em "Vapor barato" e "Mal secreto" , com Wally Salomão, e em "Hotel das estrelas" com Duda e "Luz do sol" de Carlos Pinto e Wally Salomão. Nessa mistura pós-tropicalista ainda tinham espaço, "Asa branca" de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e "Fruta gogóia" , do folclore baiano, Além de composições de Jorge Benjor com "Charles anjo 45" e Caetano Veloso em "Como 2 e 2", "Maria Bethânia", "Não se esqueça de mim" e "Coração vagabundo".
Em decorrência do sucesso de Fatal: Gal a Todo Vapor, a Philips decidiu transformar os registros do show em um álbum duplo, com projeto gráfico ousado, de Luciano Figueiredo e Oscar Ramos a partir de fotos de Edison Santos e do cineasta Ivan Cardoso.
O resultado destas apresentações foi compilado em um álbum, que traz até ruídos e falhas do improviso. o show foi dividido em duas partes, uma acústica com Gal e o violão em primeiro plano, outra bem mais energética, conduzida pelo Lanny Trio, uma usina de som formada por Lanny Gordin, guitar-hero da Tropicália, o baterista Jorginho Gomes, irmão de Pepeu, e Novelli no contrabaixo há também participações de Baixinho dos Novos Baianos, que tocou tuba.
No meio da temporada, Lanny foi convidado pelo Jair Rodrigues a viajar com com ele para o Midem, na França, junto com os Originais do Samba. Por isso, o Pepeu Gomes entrou em seu lugar o album registra apresentações dos dois guitarristas.
Gal recebeu a alcunha na época de musa do desbunde, o LP, e considerado o primeiro disco duplo da história da MPB.
Tom Zé
TOM ZÉ - Grande Liquidação
ROZENBLIT - LP 50.010
Tropicalia - Psych - 1968
Faixas:
Lado A
01 - São São Paulo
02 - Curso Intensivo De Boas Maneiras
03 - Glória
04 - Namorinho No Portão
05 - Catecismo, Creme Dental E Eu
06 - Camelô
Lado B
07 - Não Buzine Que Eu Estou Paquerando
08 - Profissão De Ladrão
09 - Sem Entrada E Sem Mais Nada
10 - Parque Industrial
11 - Quero Sambar Meu Bem
12 - Sabor De Burrice
Tom Zé – Antonio José Santana Martins, compositor, cantor, performer, arranjador, escritor, nasceu em Irará, Bahia, em 11 de outubro de 1936.
Em Salvador, no curso secundário, se interessou por música e cursou por seis anos a Universidade de Música da Bahia, depois de ter passado em primeiro lugar no vestibular. Essa escola excepcional contava com professores como Ernst Widmer, Walter Smetak e Hans Joachim Koellreutter.
Ainda em Salvador, participou do espetáculo “Nós, Por Exemplo”, no Teatro Castro Alves. Já em São Paulo, participa de “Arena Canta Bahia”, musical dirigido por Augusto Boal, e da gravação do disco definidor do Tropicalismo, “Tropicália ou Panis et Circensis”, em 1968.
No mesmo ano (1968) leva o primeiro lugar no IV Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, com a canção São Paulo, Meu Amor.
Grava seu primeiro disco, “Tom Zé – Grande Liquidação”, que tematiza a vida urbana brasileira em música e texto renovadores. Em 1973 lança “Todos os Olhos”, cuja ousadia, só assimilada por crítica e público muito tempo depois, o afastou dos meios de comunicação mas o fez escutado pelos melhores ouvidos do País.
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