Caetano Veloso




















CAETANO VELOSO
PHILIPS - 365.222
Tropicalia - 1967



Faixas:
Lado A
01 - Alegria, Alegria

Lado B
02 - Remelexo


"Alegria, Alegria" foi a música que apresentou o movimento tropicalista ao Brasil, em apresentação ao vivo realizada no III Festival da TV Record, em 1967. O ideal exposto pela letra da canção foi reforçado pelo rock do grupo argentino Beat Boys, que ainda colaborou com a estética visual.

"O aspecto do grupo de rapazes de cabelos muito longos portando guitarras maciças e coloridas re-resentava de modo gritante tudo o que os nacionalistas da MPB mais odiavam e temiam", explica Caetano no livro Verdade Tropical. A ideia de Caetano - já pensando na introdução do tropicalismo, ao lado de Gilberto Gil - era a de fazer uma espécie de "marcha de carnaval transformada", cuja letra expusesse as referências pop da época. Ele resgatou uma composição dele, do meio dos anos 60, "Clever Boy Samba", escrita como sátira aos jovens alienados de Salvador. "Rapidamente compreendi que se o tom de mera sátira devia ser subvertido, o esquema de retrato, na primeira pessoa, de um jovem típico da época andando pelas ruas da cidade (o Rio, agora), com fortes sugestões visuais, criadas, se possível, pela simples menção de nomes de produtos, personalidades, lugares e funções - pois esse era o esquema de 'Clever Boy Samba' -, devia ser mantido pois era o ideal para os novos propósitos" Caetano Veloso.

Single foi lançada com Remelexo no lado B em 1967 e também integrou o álbum Caetano Veloso. O nome da música veio, por sua vez, de um bordão que o cantor Wilson Simonal utilizava em seu programa na TV Record, Show em Si... Monal.

A letra possui uma estrutura cinematográfica, conforme definiu Décio Pignatari, trata-se de uma "letra-câmera-na-mão", citando o mote do Cinema Novo. Caetano ainda incluíu uma pequena citação do livro As Palavras, de Jean-Paul Sartre: "nada nos bolsos e nada nas mãos", que acabou virando "nada no bolso ou nas mãos". Como a ideia do arranjo incluía guitarras elétricas, Caetano e seu empresário na época, Guilherme Araújo convidaram o grupo argentino radicado em São Paulo Beat Boys o arranjo foi fortemente influenciado pelo trabalho dos Beatles. Ela é considerada a 10ª maior canção brasileira de todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil.

A canção chocou os chamados "tradicionalistas" da música popular brasileira devido a simples presença de guitarras. No ambiente político-cultural da época, setores de esquerda classificavam a influência do Rock como alienação cultural, o que também foi sentido por Gilberto Gil quando apresentou Domingo no Parque no mesmo festival.

Apesar da rejeição inicial, a música acabou conquistando a maior parte da platéia. Acabou se tornando uma das favoritas, com as manifestações favoráveis superando as facções mais nacionalistas. A música acabou chegando em quarto lugar na premiação final.

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