Caetano Veloso




















CAETANO VELOSO
PHILIPS - R 765.086 L
Tropicalia - 1969



Faixas:
Lado A
01 - Irene
02 - The Empty Boat
03 - Marinheiro Só
04 - Lost in the Paradise
05 - Atrás do Trio Elétrico
06 - Os Argonautas

Lado B
07 - Carolina
08 - Cambalache
09 - Não Identificado
10 - Chuvas de Verão
11 - Acrilírico
12 - Alfômega



"Gravei só com Gilberto Gil ao violão, quando estava confinado, sem poder sair de Salvador. Até ir para o exílio em Londres, era impensável eu tocar violão num LP. Todo mundo achava meu violão abaixo do nível profissional. É um disco da minha situação na prisão. Tem Irene, que fiz na cadeia, sem violão, uma coisa portuguesa, que adoro. Gosto muito de sermos portugueses. Adorei a canção Portuga, do último disco do Cazuza. Tem Os Argonautas, que me foi sugerida por Bethânia. Tem Carolina, que é muito deprimida e tinha a ver com o disco. Fiz o disco confinado, gravamos eu e Gil lá em casa, num gravador de quatro canais. Tem Atrás do Trio, Elétrico, que é histórica. É o momento inaugural de toda a fase nova da música baiana. Tenho orgulho. Desencadeou o incremento dos trios elétricos. Fez Dodô e Osmar voltarem às ruas. A complementação dela veio com o Gil, na música Filhos de Gandhi. Foi o estopim para a onda de novos blocos. 
Resultou em tudo isso, na música da Bahia." .... Por Caetano Veloso.

Apesar da qualidade técnica com que foi gravado, soa muito bem até hoje.
Começando com "Irene" com seu palíndromo ("irene ri") que tem uma gravação despojada e excelente, seguido por  "The empty boat", a adaptação de "Marinheiro só" samba de roda com coro, prato e guitarra e "Lost in the paradise", a segunda em inglês.
Tem "Atrás do trio elétrico", popular nos carnavais até hoje. "Os argonautas", tema que remete ao verso de Fernando Pessoa, feita para Bethânia (e gravada por ela em 1969 no disco "Ao vivo"), a versão de "Carolina" que Chico Buarque não gostou...

 (…)  e ficou magoado, tanto assim que a sua reação negativa chegou a ser publicada. Ele deve ter-se perguntado o porquê de alguém se debruçar sobre uma canção à qual ele não dava grande importância. Carolina havia se tornado um hit nacional. E eu, na cadeia, na Bahia, via Carolina ser cantada naqueles programas infantis pré-Xuxa, por aquelas crianças baianas de sotaque carregado e de cara de gente pobre. E, além disso, havia um disco chamado “As Favoritas do Presidente Costa e Silva”, com dez canções cantadas por Agnaldo Rayol. Uma delas era Carolina. Então eu escolhi Carolina entre outras canções para representar o grau de depressão em que a gente estava.
Revista do CD, entrevista a J.J Moraes - 05/1992

A releitura do tango "Cambalache"- crítico e dramático, como definiu Augusto de Campos.
Na sequência o hit "Não identificado" em versão cheia de sons não identificados, psicodélicos, "Chuvas de verão" de Fernando Lobo.
Por fim, merecendo destaque especial, a canto-falada poesia-experiência "Acrilírico", feita em parceria com o maestro Rogério Duprat, e "Alfômega" que é a maior ousadia e desbunde do disco com um canto arrastado de Caetano e os vocais gritados de Gil.
Um disco de despedida acenando o exílio.

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