Chico Buarque




















CHICO BUARQUE - Construção
PHILIPS - 6349-017
MPB - 1971


Faixas:
Lado A
01 - Deus lhe Pague
02 - Cotidiano
03 - Desalento
04 - Construção
05 - Cordão
06 - Olha Maria

Lado B
07 - Samba de Orly
08 - Valsinha
09 - Minha História
10 - Acalanto


Na época do tropicalismo, segundo Chico Buarque ele estava aprendendo música.
Foi quando ele conheceu Tom, e começou a trabalhar com ele, fazer letras para ele e tomar contato com a riqueza do trabalho dele.

Tom foi lhe indicando o caminho, e com ele comprou seu primeiro piano.

O tropicalismo rompia com a bossa nova. E Chico não estava preocupado em romper com a bossa nova, pelo contrário, ele estava compondo com o Tom, que era o seu mestre.

Ele que se encontrava com o Gil e com Caetano frequentemente em reuniões no Rio, com o tropicalismo já armado no palco e apesar das ótimas relações com eles, Chico estava fora, e estava alheio...

Num certo momento, havia a necessidade, principalmente por parte da imprensa de São Paulo, que dava um apoio muito grande ao movimento tropicalista, de criar um antagonismo. Quer dizer, era um pouco como havia necessidade de se negar Noel Rosa quando se fez a bossa nova, havia necessidade de romper com um passado e um passado do tropicalismo, e o passado por um acaso era Chico Buarque, e quem não estava no tropicalismo era automaticamente classificado como inimigo.

E Chico junto a Edu Lobo, ficou sendo o adversário daquele movimento.

Em declarações a imprensa Chico disse que nunca se sentiu absolutamente um adversário do tropicalismo. E que não tinha nenhuma objeção básica ao que se fazia, que podia gostar daquela música, não gostar daquela outra, gostar menos do que eles estavam fazendo do que o que eles faziam antes, mas que ele não tinha objeção de ordem ideológica, nada disso.

Só que, de certa forma, foi afetado pelo movimento em torno do tropicalismo.

Ato Institucional Número 5, assinado no dia 13 de dezembro de 1968, reprimiu drasticamente os movimentos populares e a liberdade de expressão, reunião, tudo possível e imaginário que pudesse ser classificado como subversivo.

Depois do AI 5, Caetano e Gil foram presos, com direito a torturas psicológicas e "convidados" para uma longa estadia em Londres.

Chico Buarque, que não era tropicalista, também foi para o exílio, assim como muitos intelectuais.

O movimento estudantil entrava na clandestinidade...

Em 1970 quando Chico voltou ao Brasil, gravou outro LP e retomou em suas canções o protesto político. Em função disso foi cada vez mais vigiado pelos censores. Era uma fase absolutamente criativa, que culminou com um de seus discos mais conhecidos: “Construção”.

Este LP e o 3º colocado na lista dos "100 MAIORES DISCOS DA MÚSICA BRASILEIRA".

Chico Buarque ousou muito, escreveu cruzando um abismo sobre um arame, e chegou ao outro lado. Ao lado onde se encontram os trabalhos executados com mestria, a da linguagem, a da construção narrativa, a do simples fazer.

Não creio enganar-me dizendo que algo novo aconteceu no Brasil com este Disco.

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