Spectrum
SPECTRUM - Geração Bendita
TODAMERICA - 80006
Psych - 1971
Faixas:
Lado A
01 - Quiabo's
02 - Mother Nature
03 - Trilha Antiga
04 - Mary You Are
05 - Maria Imaculada
06 - Concerto do Pântano
Lado B
07 - Pingo é Letra
08 - 15 Years Old
09 - Tema de Amor
10 - Thank You My God
11 - On My Mind
12 - A Paz, Amor, Você
Era 1971, dois anos pós-Woodstock, e a juventude brasileira ainda vivia os efeitos da "Era de Aquarius", mesmo que de forma um pouco tardia. Em meio a onda de paz e amor, um grupo de jovens músicos e cineastas de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, mergulhou fundo na produção do que se chamou na época de "o primeiro filme hippie brasileiro". Intitulado "Geração Bendita", o filme dirigido por Carlos Bini, e rodado na região, deixou registrado, além das imagens de uma época, uma trilha sonora tão surpreendente quanto rara.
Gravado nos estúdio da Todamérica, no Rio de Janeiro, o disco também chamado "Geração Bendita" é assinado pelo grupo Spectrum, formado por ex-membros da banda 2000 Volts e atores/músicos do filme. Integravam o grupo os músicos Caetano, Serginho, David, Fernando e Toby, que dividiam os instrumentos e as composições feitas em parceria. Com idade média de 21 anos, a experiência do grupo resumia-se à cena local, onde iniciaram tocando covers de Beatles "tão bem feito que chegavam, por vezes, a achar que o som era de rádio, ou de gravador", diz hoje o guitarrista Caetano.
O álbum com pouco mais de trinta minutos reúne doze canções, com letras em português e algumas em inglês, em sua maioria falando de paz, amor liberdade, natureza e outros temas e valores expressivos do período. O instrumental, com profusão das fuzz-guitar a varrer, e os vocais à la Beatles, sintonizavam com a produção mundial e situava o trabalho do grupo acima do padrão nacional da época. Caetano lembra hoje que o disco chamou a atenção dos disc-jockeys Big Boy e Ademir, mas acabou ignorado pelo mídia. Espaço natural para divulgação do álbum, o jornal Rolling Stone, em sua versão nacional, só veio a público no início de 1972, quando o grupo já não mais existia.
"Não tinhamos recursos técnicos, os instrumentos eram nacionais, de segunda, terceira mão, mas havia uma coisa maior que nos movia, que era o sentimento daquela geração", conta Caetano, que ainda tocou por algum tempo na região. Tanto ele quanto outros integrantes da banda, ainda moram em Nova Friburgo e partilham com a cidade e inúmeros hoje ilustres moradores a memória daqueles "momentos mágicos, coloridos e intensamente vividos". Recentemete, por iniciativa de Caetano, e de outros remanescentes do movimento, chegou-se a tentar a realização de um festival, que resumiu-se em uma sessão do filme, sem ir adiante.
Nova Friburgo e outras cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro foram pólo de atração de grupos musicais e comunidades hippies que para lá transferiram-se em busca de "paz, harmonia e contato com a natureza". Um dos grupos que andou por lá uns tempos foi o gaúcho Liverpool, antes de transformar-se no Bixo da Seda, em 1974. O mais famoso foi o Mutantes, já contando apenas com Sérgio Dias da formação original, que instalou-se em uma casa em Nova Petrópolis. Nova Friburgo, de forma especial, contava com uma cena local forte, com diversos grupos da região e presença de bandas do Rio de Janeiro que lá iam tocar, como A Bolha e Analfabitles, entre outras.
Apesar de ignorado em sua época, o álbum resistiu ao tempo e, hoje, ocupa os primeiros lugares nas "want lists" (procurados) de colecionadores mundiais de raridades psicodélicas (é um dos lps do livro "2001 Record Collector Dreams", editado pelo austríaco Hans Pokora, que reúne capas de discos raros de todo o mundo).
Segundo palavras do próprio Hans "O Disco é um dos LPs mais procurados em todo o mundo nesse gênero de música e é uma pepita para qualquer Colecionador".
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